quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Imprevisto no Ônibus

-Aaahhh...escola de novo não... - resmungou Rezende, apertando o despertador com força.
-Hei cara. - disse Alice, abrindo a porta e assustando Rezende - Já levantou?
-Não e nem quero ir pra lá. Hoje tem aula de matemática e eu não sou um dos melhores, sabia?
-Sério? - perguntou Alice, pulando de agitação - Matemática é muuuitooo fácil.
-Para de pular, garota! - exclamou Rezende
-Mas matemática é tão demais!!! - gritou Alice
-Saaaiii do meu quartooo!!! - gritou Rezende
-Credooo, não precisa ser grosso... - disse Alice, saindo do quarto
-Aqui é assim! Se você é esperta o suficiente para fatorar uma expressão, você ta expulsa do meu quarto!!! - disse Rezende, levantando
-Cala a boca, coisinha!!! - gritou Alice de volta, do outro lado do corredor
-Waaaaaahhhh... - bocejou Rezende, chegando na cozinha para tomar café
-Aliceeeeeeeeeeeee!!! - gritou uma voz, vinda do andar de cima, assustando Alice
-Acho melhor você ir lá. - disse Rezende
-Já vou. - disse Alice, pulando de alegria pensando em logaritimos - Hoje tem aula de matemática!
-O que será que ela fez dessa vez? - perguntou André, entrando na cozinha com uma xicara de café nas mãos
-Sei la, - disse Rezende, ainda de roupão - acho que colocou uma taxinha na cama da mãe dela.
-Droga!!! - gritou Alice, entrando na cozinha, ainda muito agitada
-O que foi? - disse Rezende, com o minimo de interesse
-Minha mãe achou uma coisa no meu quarto. - disse Alice - Meu pacote de doces.
-Háá...sua gordinha disfarçada... - disse Rezende, apontando o dedo e quase derrubando a chaleira de cima da mesa
-Não, seu besta!!! - disse Alice - É que eu não posso comer muito doce, senão eu fico muito agitada.
-Não me diga isso. - disse Rezende - Se você já esta agitada antes, com doces você deve ficar querendo bater em um tubarão.
-Não tanto. - disse Alice, andando de um lado para o outro da cozinha - Hoje eu só comi um pacote de balas.
-Um pacote de 500 gramas, eu presumo - disse André
-Não, - disse Alice - quer dizer, talvez
-Ah, vocês estão quase atrasados. - disse André - Rezende, pegue o caderno e Alice pegue a caneta.
-Tudo em mãos. - disse Alice, correndo para a porta.
-O ônibus chegou! - disse a mãe de Alice, que viu o ônibus pela janela
-Eu to indo! Eu to indo! - gritou Alice, correndo pela rua, igual a uma louca
-Aliceee!!! - gritou sua mãe - Nada de doces!
-Tchau, gente! - gritou Rezende, andando normalmente.
Quando Alice e Rezende entraram no ônibus ele estava mais vazio. Alice sentou em um banco vazio e colocou suas coisas e Rezende sentou com um garoto, que logo percebeu quem era. Era Rafael Quarsteel.
-Opa! - disse Rezende - Fala, Quarste...AAAHHH!
-Rezende, você ta bem? - perguntou Rafael, confuso
-Hei, coisinha, - disse Alice, virando para trás - Quem é ele?
-É o Rafael... - engoliu a seco e disse num cochicho - Quarsteel.
-AAAHHH!!! - gritou Alice
O ônibus inteiro se silenciou. O grito fino de Alice deixou todos desacordados. Até o motorista estava vendo o velocimetro meio embaçado.
-Ai meu deus!!! - gritou Alice, mais uma vez - Eu preciso sair desse ônibus.
-Ai, demência, - disse Rezende - você não acha que se ele nos atacasse, ele nos atacaria onde tivesse pouquissima gente?
-Sei lá... - disse Alice, tremula - vai saber.
-Como você fez para as pessoas ficarem desse jeito? - perguntou Rezende, olhando para Rafael, desacordado
-Sei la. - disse Alice - Geralmente o André põe a mão na minha boca quando eu dou um piti.
-Grita de novo. - pediu Rezende
-Você acha facil assim? - disse Alice
Rezende pegou a alsa do sutiã de Alice e puxou-o até soltar
-AAAAAHHHHH!!!! - gritou Alice - SEU CRETINO!!!
Todos imobilizaram de novo. O motorista quase desmaiou e o ônibus descoordenou-se um pouco.
-Meu deus, meu deus, meu deus... - disse Rezende agarrando o braço de Alice - O que você fez?
-Ué...você puxou meu sutiã! Isso é uma sacanagem!
-OK, como se faz para acionar aquele microfone que nós temos no pulso? - perguntou Rezende, pasando a mão em seu pulso
-É só chacoalhar - disse Alice
-Tipo assim? - perguntou Rezende, chacoalhando o pulso, como Alice tinha recomendado.
-É assim mesmo. - disse André, pelo microfone de Rezende
-Alice teve um piti - disse Rezende
-Faz o seguinte, - disse André - põe a mão sobre o rosto dela e diz que o pai odiaria ver isso.
-Isso não é um pouco de crueldade? - disse Rezende, num susurro
-Mas é o único jeito - respondeu André
-Então vamos ver.. - disse Rezende, olhando Alice, que tinha acabado de arrumar a alsa do sutiã.
-Prepare-se. - disse Rezende para André, que já desligava o microfone. Soltou o sutiã dela de novo.
-AAAAHHHH!!! - disse Alice, enquanto Rezende colocava a mão sobre seu rosto e dizia:
-Eu acho que seu pai odiaria ver isso. - disse Rezende, com cara de "você se lembra dele, não lembra?"
Alice parou de gritar naquele momento e a mão de Rezende ficou molhada do nada.
Rezende vendo Alice chorando, se sentiu culpado e ligou o microfone:
-Droga, André, seu cretino barato! - disse ele - Agora ela ta chorando! Viu o que você fez?
-Relaxa. - disse André - Agora fala que o pai dela ainda vai voltar e ele vai ficar orgulhoso de ver ela tão crescida.
-Ah, - disse Rezende - não acredito que vou fazer isso, mas, ta bom....Calma - disse ele - eu tenho certeza de que ele gostaria muito de vê-la grande e crescida.
E assim eles sairam do ônibus, Alice agitada e Rezende cansado.

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