quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ROOKIE

O chão se abriu novamente e Rezende saiu de lá com os olhos arregalados, como se tivesse acabado de sair do proctologista.
-O que você sentiu? - perguntou Alice.
-Bem. - Rezende foi interrompido por uma lembrança do corte. - Não foi lá essas coisas.
-Eu não me lembro da minha operação. - disse Alice, colocando a mão na cabeça. - Eu acho que é apagada da lembrança depois de algum tempo.
-Na verdade, - disse a mulher de meia idade. - o seu chip está implantado desde quando você era bebê.
-Ah. - disse Alice. - Por isso meu pai sabia onde eu estava quando fugia de casa.
-Desde quando você é...isso aí? - perguntou Rezende
-Desde quando eu nasci. - disse Alice, revirando os olhos.
-Não. - disse Rezende. - Desde quando você é sei lá o quê com essas roupas?
-Desde hoje de manhã.
-Ah. - disse Rezende - Esqueça...então - virou-se para a mulher e disse - posso entrar?
-Ainda não. - disse Alice. - Me de seu pulso.
Rezende olhou para seu pulso, olhou para Alice, lembrou do caderno explosivo e disse:
-Esta bem.
Alice pegou o braço de Rezende e disse:
-Isso sim, será doloroso.
Pegou uma pequena maquina e apertou no pulso de Rezende.
-Aiiiii!. - ele gritou.
-Cala a boca, menininha! - disse Alice apertando a maquina mais forte no braço de Rezende.
-O que você fez comigo? - perguntou ele para Alice.
-Isso, - explicou Alice. - é um dispositivo de microfone dentro do sangue. A qualquer hora poderemos falar com você. A não ser que arranquem seu pulso.
-Que é uma coisa bem possível de se acontecer. - disse André, levantando seu braço, que terminava bem onde o pulso deveria estar.
Rezende virou sua cabeça, como um cachorro que tenta entender video games.
-Bem. - disse a mulher. - Eu acho que é isso, podem entrar.
Quando Rezende estava entrando, ela o abortou e disse:
-Estou de olho e você, seu rookie.
-Mãããeee.. - disse Alice, empurrando Rezende. - da um tempo, eu cuido desse meliante!
-Ela é sua mãe? - perguntou Rezende. - Que estranho.
-Por que é estranho? - disse a mãe de Alice. - Tem alguma coisa contra as pessoas mais velhas?
-Não...nada não. - respondeu Rezende, esperneando de rir em seus pensamentos.
-Coisinha, não liga pra minha mãe. - disse Alice, assim que a porta se fechou. - Ela é assim com todo mundo, menos comigo.
-Assim como? - disse Rezende. - Carinhosa?
Alice o encarou, deu as costas e foi jogar bilhar em uma mesa que ficava no canto do sala.
-Uou! - disse Rezende, que só viu a sala quando terminou de conversar com Alice. - QUE SALÃO.
-Você achava o quê? - disse Alice, acertando três bolas na caçapa. - Os espiões merecem uma folga, quando não estão em missão.
-Mas espere. - disse Rezende. - Se eu estou aqui, é porque você esta em uma missão, não é!
-Eu estava. - disse Alice. - Mas dai você me derrubou na rua e não largou mais do meu pé.
-Desculpe se eu estava andando distraido e um caderno explodiu na minha mão! - disse Rezende.
-Quer parar de lembrar da porcaria do caderno! Ele é a razão de você estar aqui, portanto, mais respeito com o objeto.
-O que tinha naquele caderno? - perguntou Rezende.
-Tinha coisas. - respondeu Alice - E você deveria ter lido a parte de tras do caderno, antes de abrir.
-Como assim? - disse Rezende, curioso.
-Você olhou o que estava escrito no caderno? - perguntou Alice, lergando o taco em cima da mesa.
-Não.
-Na parte de tras estava escrito "Não abra. Só se você for um especialista em desarmar bombas em menos de 10 segundo." - disse Alice. - Só que estava escrito em russo.
-E você quer que eu entenda? - disse Rezende, com uma cara de ironico.
-Ai meu deus. - disse Alice. - O que esta acontecendo nesse mundo, onde ninguém mais sabe falar russo.
-Desculpe, se eu não nasci espião. - disse Rezende. - E desculpe também por não falar russo.
-Tudo bem, eu te perdoo - disse Alice, que virou a cara e deu umas risadinhas.
Rezende deu um suspiro e continuou explorando a sala fantastica.

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